Da RedaçãoGenocídio Armênio

A primeira semana de um carioca em Yerevan

Por Yuri Kebian Omonte do blog MerHairenik

Como muitos sabem, semana passada, no dia 12 de setembro, às 19 horas (horário de Brasília) saí do Rio de Janeiro e parti para Yerevan. Só conheci minha “host family” no dia 13, às 23:30 (horário de Yerevan).

Portanto, ontem completou uma semana da minha vinda para cá.

Essa primeira semana, eu só tive 3 dias úteis de serviço voluntário. Segunda-feira foi o feriado da Santa Cruz e hoje (21), sexta-feira, é o feriado da Independência.

Por enquanto estou gostando muito do serviço voluntário no Colégio Argentino. Na terça-feira começaram as aulas de armênio. Escrever em armênio não é das missões mais fáceis. Conheço um rapaz que já chegou em Yerevan sabendo falar um pouco de armênio. Aprendeu e desenvolveu muito mais por aqui, mas ele disse que ainda não sabe escrever em armênio.

Meu objetivo é aprender a falar, mas se eu voltar para o Brasil sabendo escrever um pouco pelo menos, voltarei feliz. Terças e quintas tenho as aulas de armênio. São 4 horas semanais, 2 horas na terça e 2 horas na quinta. Por enquanto estou adorando e a aula passa rapidinho.

Estou muito feliz pelo fato de ter tudo aqui bem perto de mim. Moro numa rua que na esquina já é a rua onde fica o escritório do Birthright (local onde tenho as aulas de armênio). Pego o  metrô todos os dias para ir ao meu local de serviço voluntário. Mas não é uma distância como da Pavuna até Botafogo ou do Tucuruvi até Jabaquara! São 2 estações depois!

Uma maravilha! E o preço do bilhete? 100 DRAMS! Isso é aproximadamente R$0,50. Do primeiro degrau da escada rolante que dá acesso a plataforma, você nem vê a plataforma. Imagine a estação Cardeal Arcoverde no Rio (uma das mais profundas do Rio, se não é a mais profunda) com uma escada rolante ÚNICA dando acesso a plataforma! Então, é mais ou menos por aí. Com um detalhe: a inclinação dessa escada rolante é absurda. Deve ser mais de 80 graus. Enfim, sensacional! É um metrô antigo (construído na época da URSS), mas funciona. Os trens são velhos, mas são bem conservados.

Nessa primeira semana, uma das coisas que mais me impressionou foi a segurança. Quase não se vê polícia na rua, e mesmo assim eu posso dizer que aqui é uma cidade segura. A porta de entrada dos prédios ficam abertas 24 horas por dia. Você pode atravessar um prédio, sair pelos fundos do mesmo, e assim ter acesso a entrada do prédio onde você mora, na rua de trás. Ou seja, corta caminho.

Para o povo daqui, isso pode ser normal, mas para quem mora no Brasil, isso não é tão normal assim. Não importa se o prédio faz parte de um puta condomínio luxuoso ou se faz parte de uma COHAB da vida, no Brasil, a porta de entrada dos prédios fica FECHADA o tempo todo. Outra coisa que marcou nessa primeira semana, foi nos meus primeiros dias.

Cheguei a escrever no meu primeiro post que fui num PUB com o meus amigos da América do Sul e um inglês. Naquele dia, pouco depois do Aram Djanian partir, começamos a cantar canções patrióticas, e os caras da mesa ao lado perguntaram se somos da diáspora. Falamos que sim, eles elogiaram nossa cantoria. E no fim da música que cantamos após receber esse elogio, a garçonete do PUB botou 1 rodada de cerveja pra gente! A gente estranhou porque nos PUBs daqui, você entra e eles não te dão comanda. É pague e beba! Aí falamos com a garçonete que não pedimos. Daí ela falou: “É pra vocês! Os caras da mesa ao lado pagaram!” Os caras depois pediram para cantarmos mais uma.

Um outro momento ÉPICO dessa semana, no meu local de trabalho eu vou relatar aqui. A professora de espanhol pediu para eu buscar alguma música ou poesia em espanhol. Conheço várias músicas, mas tive que pensar em alguma dentro do que pode ser apresentado em sala de aula. Obviamente, não poderia apresentar músicas com palavrões, apologia ao sexo e drogas, ou até mesmo bebidas alcoólicas. Eis que veio na minha cabeça uma música que os armênios lá da Argentina cantam em frente à embaixada da turquia todos os anos. É uma melodia bem conhecida, pelo menos para mim, já que é uma melodia muito utilizada pelas barras sul-americanas.

Inclusive a barra que eu fundei, os GUERREIROS DO ALMIRANTE, canta uma canção com essa melodia também. A versão original é Para No Olvidar de Andres Calamaro. Enfim, os alunos ficaram loucos!!! Escrevi a letra no quadro e eles cantaram. No final bateram palmas e um deles chegou falar para mim da grande importância da diáspora nessa luta pelo reconhecimento do genocídio. Simplesmente EMOCIONANTE!

Assista logo abaixo, o vídeo da canção que eu apresentei aos alunos:

EM TEMPO: No meu primeiro post, eu deveria ter feito alguns agradecimentos, mas acabei esquecendo. Antes darde do que nunca! Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais, que apesar de estarem sentido a minha falta, sabem da importância dessa viagem para mim. Também devo agradecer à todos da comunidade armênia no Brasil que me apoiaram muito nessa decisão de participar do Birthright, e muitos dos que já vieram para cá (pelo Birrthright ou não) até me orientaram. Em especial, vou lembrar do James Onnig Tamdjian, que publicou essa carta aberta no Portal Estação Armênia ( http://54.157.185.59/2012/uma-carta-para-yuri/6333 ). Também não posso esquecer dos meus professores da UFF que me deram as cartas de recomendação. Tenho agradecer muito os professores Wanderley Moura Rezende, Altair Souza de Assis e Ion Moutinho Gonçalves.

 

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