ONGs armênias emitiram um comunicado sobre uma possível extradição do assassino do oficial armênio Gurgen Margaryan para o Azerbaijão. Reproduzimos abaixo parte do texto:
Um evento terrível aconteceu durante os treinamentos do quadro do Programa Parceria para a Paz de OTAN em 2004. Durante a noite o oficial azeri Ramil Seferov invadiu o quarto de Gurgen Margaryan com um machado. Este crime sem precedentes não só chocou a Armênia e a Hungria como também a Europa inteira.
O julgamento de Seferov durou mais de dois anos com o lado azeri tentando descreditar a memória do oficial armênio entre diferentes acusações contra ele. Todas as acusações contra o falecido oficial foram persuasivamente refutadas durante o julgamento. O Juiz Andrash Vaskuti e a acusação conduziram maestrosamente o processo inteiro seguindo rigorosamente o texto e espírito da legislação húngara e europeia.
Ramil Seferov foi sentenciado à prisão perpétua sem direito a apelo pelos próximos 30 anos. Todos os apelos do lado azeri foram negados.
Já em custódia, Seferov atacou um guarda da prisão e recebeu sua segunda ordem de prisão.
Enquanto isso, representantes do Estado e instituições públicas emitiram declarações justificando o crime hediondo. A provedora de justiça azeri Suleymanova, por exemplo, disse que “Seferov deveria servir de exemplo para os jovens”. Ramil Safarov foi declarado herói nacional do Azerbaijão.
Pelos últimos oito anos o lado húngaro reafirmou o compromisso com as leis internacionais, rejeitando qualquer possibilidade de extradição do criminoso para sua terra natal. Entretanto, azeri e turco continuam com seus esforços para a extradição. Assim foi constatado recentemente a existência de uma campanha de assinaturas acontece na Turquia pedindo que reconsiderem a sentença com a implementação de irracionais e inaceitáveis paralelos históricos. Mensagens similares também são comuns na mídia azeri.
A extradição de Seferov para o Azerbaijão acarretará na glorificação ainda maior do assassino, que terá sua liberdade concedida pelo Estado. Há um ano o chefe do Departamento de Análise Jurídica e Suporte de Informação da Administração Presidencial do Azerbaijão, Elnur Aslanov, disse: “O mérito do feito de Ramil Seferov deu à sociedade azeri um segundo fôlego”.
Não há dúvidas que a Hungria está bem ciente do ódio contra os armênios e da xenofobia que acontece em todo o Estado do Azerbaijão. Durante o julgamento em Budapeste o advogado de Seferov disse que “matar um armênio não é crime no Azerbaijão”.
A impunidade desse crime gera consequências muito mais sérias, extradição significará um chamado para a juventude azeri. Neste caso a responsabilidade por novos crimes em potencial recairão não só sobre o Azerbaijão, mas também sobre a Hungria, que estaria incentivando o início de uma nova guerra sangrenta.
Temos esperança de que as instituições competentes húngaras considerem as consequencias desse ato. Seferov deve responder pelo crime no país em que o cometeu. Para isso dependemos da Hungria que até o momento provou seu compromisso com os direitos humanos, com a moralidade e com a humanidade.