Após quase um mês de protestos na Armênia, Nikol Pashinyan foi eleito nesta terça-feira (09) primeiro-ministro pelo Parlamento da ex-república soviética do Cáucaso. Único candidato, o deputado opositor e ex-jornalista recebeu 59 votos à favor de sua indicação, seis a mais do que o necessário.
Em menos de oito dias, esta foi a segunda votação no Parlamento Armênio. Em 1º de maio, a casa não havia logrado êxito em nomear o premier para o país.
Pashinyan garantiu que a mudança no país não vai alterar os laços com o Kremlin, fato que preocupava a Rússia, que tem uma base militar em Gyumri, região norte da Armênia.
Este é um dos capítulos mais recentes do movimento de protestos intitulado “Velvet Revolution” (Revolução de veludo, na tradução) que levou milhares de armênios às ruas para protestos pacíficos desde 13 de abril contra o ex-presidente Serzh Sargsyan (2008-2018).
Hoje, antes da eleição no Parlamento, as ruas da capital Yerevan amanheceram tomadas mais uma vez por milhares de pessoas, à despeito da chuva fina, principalmente concentrados na Praça da República.
Quando a eleição de Nikol foi confirmada, pombas brancas foram soltas pelos apoiadores de Pashinyan. Várias personalidades estiveram presentes na Armênia como o vocalista da banda System of a Down, Serj Tankian.
A onda de protestos começou antes mesmo de Sargsyan ser eleito como primeiro-ministro pelo Parlamento, como parte de uma manobra iniciada pelo próprio em 2015 com a mudança do sistema semi-presidencialista para o Parlamentarismo na Armênia. A alteração aconteceu após o Sim (para a mudança) vencer no plebiscito realizado, mas que teve denuncias de irregularidades pelos observadores internacionais (veja aqui).
A mudança na Constituição mudou o poder das mãos do presidente para o do primeiro-ministro. Em abril deste ano, alguns dias após assumir como premier, pressionado pelos protestos, Sargsyan não resistiu à pressão e renunciou (relembre aqui).
O ex-presidente e seu partido (Partido Republicano) são acusados de não lutarem contra a pobreza e a corrupção, além da intenção de se manterem no poder. O partido Republicano ainda possui maioria no Parlamento da Armênia.
Pashinyan, jornalista por formação, foi editor-chefe do principal jornal opositor no país, “The Armenian Times”, por longos anos. Ele também trabalhou como assessor próximo do ex-presidente Levon Ter-Petrosyan e organizou sua campanha eleitoral no pleito presidencial de 2008, quando Sargsyan se tornou presidente pela primeira vez, com uma pequena margem de vitória e suspeita de fraude eleitoral.
Na época, houve grande inquietação, pois dez manifestantes morreram em protestos após o resultado. Pashinyan também teve de se esconder por 16 meses até se render. Preso, ele foi libertado em 2011. Desde então, participou de manifestações regulares contra o governo.
— A primeira coisa que tenho que fazer após minha eleição é assegurar a vida normal no país — declarou Pashinyan em um discurso antes da votação. — Não vai existir corrupção na Armênia. E o país poderá, de uma vez por todas, virar a página das perseguições políticas — afirmou.
O jovem de Osasco (SP), Caíque Gogenhan está na Armênia participando de um projeto para voluntários e mandou o vídeo abaixo, publicado pela página da UGAB São Paulo.