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Carta de Hillary Clinton insiste em descaracterizar o Genocídio Armênio

Foto: Wikipédia

Enquanto era Senadora, Hillary Clinton constantemente pressionava a administração do ex-Presidente George W. Bush a reconhecer o genocídio armênio. Em muitas de suas declarações, Hillary afirmava que os fatos históricos de 1915 eram um claro caso de genocídio contra um povo e uma população indefesa.

Porém, para total incredulidade dos armênios dos EUA e de toda a nação armênia, a atual Secretária de Estado do governo Obama mudou radicalmente de posição quando confrontada diretamente sobre o assunto.

No dia 26 de janeiro de 2012, em um seminário interno para os diplomatas americanos em Washington, quando perguntada sobre o tema do genocídio armênio, Hillary respondeu que era um assunto para um debate histórico.

Essa desrespeitosa afirmativa indignou a opinião pública armênia do EUA e levou o ANCA (Armenian National Committe of America), maior organização que atua na defesa da Causa Armênia, a enviar uma extensa carta de protesto por essas infelizes declarações e contradições oportunistas.

O Presidente do ANCA, Ken Hachikian, questionou o posicionamento do governo Obama e especialmente da ex-senadora que, sendo a responsável pela política externa dos EUA, deveria entender e apoiar o reconhecimento do genocídio armênio.

A expressiva carta do ANCA alerta que o reconhecimento do genocídio armênio é uma importante ferramenta para evitar que outros crimes contra a humanidade voltem a ocorrer. Ao mesmo tempo, o denso documento esclarece que, historicamente, o genocídio já deveria estar comprovado com o uso de extensa documentação do próprio departamento de Estado dos EUA que,  em seu rico acervo guarda descrições de diplomatas americanos sobre as matanças e deportações em 1915.

Em 29 de fevereiro último, em uma sessão do congresso americano, Hillary Clinton foi inquerida pelo Deputado Adam Schiff do Partido Democrata mais uma vez sobre suas declarações. Com muitos eufemismos, a secretária falou em trágicos acontecimentos e atrocidades, mas não mencionou a palavra genocídio.

A pressão do ANCA e dos seus ativistas e simpatizantes foi tão grande, que Hillary respondeu a carta assinada por Ken Hachikian.

Segue a carta traduzida:

 Caro Senhor Hachikian

Obrigado por sua recente carta a respeito das minhas observações durante a reunião do Departamento de Estado de 26 de janeiro.

A questão que levantam é um caso sério. Em 24 de abril de 2011, o Presidente Obama rendeu homenagens aos 1.500.000 de armênios que marcharam para a morte nos últimos dias do Império Otomano. Durante a minha visita à Armênia, em 2010, visitei o memorial do genocídio em Tsitsernaghaberd como um sinal de respeito por todos aqueles que perderam a vida naquela tragédia.

Em sua declaração, o Presidente observou: “A história nos ensina que nossas nações são mais fortes e nossa causa é mais justa quando reconhecemos corretamente o passado doloroso e construímos pontes de entendimento para um amanhã melhor”.

Em apoio à política do presidente, continuo a insistir na amizade entre Armênia e Turquia. Somente trabalhando juntos poderemos enfrentar esses eventos horríveis.

Além do diálogo constante com altos funcionários do governo da Armênia e da Turquia, os EUA continuarão a apoiar as medidas corajosas para promover um diálogo que reconhece a história que esses países têm em comum. É minha crença que esses esforços lançam as bases de um futuro próspero e pacífico para os dois países e da região como um todo.

Atenciosamente,

Hillary Rodham Clinton

Com essas palavras oficiais, o governo dos EUA continua a não reconhecer o genocídio e a preservar o Estado Turco de suas responsabilidades históricas, além de indiretamente apoiar o negacionismo, face mais horrenda do passado criminoso dos governantes turcos.

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