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Armênia reconhece massacres de 2014 do Estado Islâmico contra iazidis como genocídio

Eurasianet

O parlamento da Armênia aprovou uma resolução reconhecendo os massacres do estado islâmico de Iazidis no Iraque como um ato de genocídio. A declaração, aprovada em 16 de janeiro, reafirma o compromisso da Armênia de prevenir o crime de genocídio, convidando a comunidade internacional a investigar os crimes do grupo terrorista contra o grupo etnoreligioso sitiado no Iraque e garantir sua segurança.

Os iazidis constituem uma comunidade étnico religiosa curda cujos membros praticam uma antiga religião sincrética, o iazidismo, uma espécie de iazdânismo ligada ao zoroastrismo e a antigas religiões da Mesopotâmia

Em agosto de 2014, combatentes do Estado islâmico desciam em áreas povoadas pelo Yezidi no norte do Iraque, matando cerca de 3.000 homens iazidis e sequestrando 5.000 mulheres e crianças. Milhares de iazidis fugiram e permaneceram presos nas desertas montanhas de Sinjar, enquanto o Estado islâmico continuava a erradicar sistematicamente as minorias religiosas no Iraque e na Síria. Mais milhares de iazidis se juntaram a outros refugiados e dirigiram-se à Europa.

Entre os que testemunharam os acontecimentos, destacou-se a proeminente ativista dos direitos humanos iazidi, Nadia Murad, que escapou do cativeiro do EI em 2014. Murad agradeceu a iniciativa da Armênia e descreveu o reconhecimento como um “momento histórico”.

O destino da comunidade Yezidi é particularmente relevante para Yerevan – dos 1,5 milhões de iazidis do mundo, 35 mil moram na Armênia, onde constituem a maior minoria étnica do país. A comunidade cria principalmente gado e é distribuída pelas províncias central e noroeste de Armavir, Ararat, Aragatsotn e Kotayk. Os eventos em sua pátria histórica da Mesopotâmia obrigaram os iazidis da Armênia a se afirmarem internacionalmente – em 2015, começaram os trabalhos no maior templo iazidi, em Aknalich, uma pequena aldeia perto da fronteira turca.

Poucas vítimas iazidis do ISIS chegaram à Armênia, onde a população hoje existente provém de descendentes de refugiados de massacres anteriores. Nos últimos anos, os iazidis da Armênia buscaram destacar a sua história compartilhada de sofrimento nas mãos dos turcos otomanos com a maioria étnica da Armênia.

Rustam Makhmudyan, um membro étnico iazidi do parlamento da Armênia, disse que o país tinha um dever histórico de oferecer solidariedade aos que sofreram como armênios uma vez, em uma entrevista com Tert.am. Makhmudyan é co-autor do projeto de declaração em uma iniciativa entre partidos com os deputados Vahram Baghdasaryan e Armen Rustamyan.

A resolução não foi aprovada sem controvérsia. No total, 92 de 105 membros da Assembleia Nacional estavam presentes para a votação, e todos apoiaram, com exceção de Armen Ashotyan, que se absteve. Ashotyan impugnou o uso do termo “genocídio”, um crime que ele argumentou que pode ser cometido apenas por estados, não grupos terroristas.

Boris Murazi, um líder juvenil iazidi da União Sinjar Yezidi (e autor de um livro sobre o genocídio iazidi), respondeu em uma coluna para A+1 News, argumentando que o ceticismo de Ashotyan era um sintoma de uma intransigência mais profunda entre o Partido Republicano da Armênia – por que, perguntou Murazi, demorou quatro anos desde os massacres de Sinjar para a Armênia a dar esse último passo?

Mais uma controvérsia surgiu quando o co-autor Armen Rustamyan impugnou o uso do termo “atos de genocidio” em vez de “genocídio” (Arm: tseghaspanut’yun) para descrever os massacres de iazidis no Iraque. Makhmudyan respondeu que não havia diferença substancial no direito internacional.

O reconhecimento dos massacres do Estado islâmico como genocídio foi uma das prioridades declaradas pelo Makhmudyan em seu discurso inaugural após as eleições parlamentares de abril de 2017. Aos 35 anos, era um dos quatro deputados a serem eleitos sob uma quota parlamentar para as maiores etnias de comunidades minoritárias da Armênia, introduzidas sob o novo código eleitoral da Armênia.

De acordo com a ONG Yazda de direitos de iazidi, cerca de 13 parlamentos e assembléias em todo o mundo reconheceram os massacres do estado islâmico de iazidis como um ato de genocídio, incluindo legislaturas no Canadá, França, Reino Unido, EUA e na UE. Antes do reconhecimento da Armênia, a última legislatura para fazer isso foi o parlamento iraquiano em 18 de novembro de 2017.

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