Em comunicado, o ministério afirmou que “as instalações do consulado não estarão disponíveis em 13 de novembro”, mas não forneceu uma nova data para a apresentação. O texto afirma que “convites para o evento foram enviados sem a participação” do ministério.
De acordo com a imprensa alemã, a Orquestra Sinfônica de Dresden enviou convites para a apresentação em Istambul a personalidades políticas, como o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro Binali Yildirim, o ministro do Exterior, Mevlut Cavusoglu, e o ministro da Cultura, Nabi Avci.
Já há alguns meses o embaixador da Turquia vinha insistindo para que a UE suspendesse seu patrocínio ao projeto, mas a Comissão Europeia não se curvou à exigência. Em represália, Ancara decidiu abandonar, no início deste mês, o programa Europa Criativa, acordo cultural assinado em 2014 com a UE e que previa um total de 1,46 bilhão de euros em verbas de apoio a artistas.
A oposição alemã criticou duramente a decisão. A líder da bancada da esquerda no Parlamento, Sahra Wagenknecht, acusou a chanceler federal Angela Merkel e o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, de se inclinarem perante Erdogan. “A política do governo alemão é feita em Ancara?”, questionou.
O massacre da minoria cristã armênia entre 1915 e 1923 é um tema delicado para a Turquia. Como sucessora do Império Otomano, Ancara rejeita até hoje a classificação como genocídio dos 1,5 milhão de armênios. Em 2 de junho de 2016, o Parlamento alemão reconheceu, em resolução, o Genocídio dos Armênios, alinhando-se a cerca de 30 Estados e a personalidades como o papa Francisco. A decisão, no entanto, estremeceu as relações entre Berlim e Ancara.
A Orquestra Sinfônica de Dresden – junto ao idealizador de Aghet, o compositor e violonista berlinense Marc Sinan, de ascendência turco-armênia – afirmou que a peça pretende ser um projeto de reconciliação, reunindo músicos alemães, turcos e armênios para tocar lado a lado. O convite afirma que o objetivo do espetáculo é “curar as feridas do passado turco e armênio”.