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Entrevista com Graciela Kevorkian – Representante da Comissão HOM na Rio + 20

O Portal Estação Armênia entrevistou a representante da Comissão Mundial da HOM / Cruz Vermelha Armênia (Hai Oknutian Miutiun),  na Rio + 20.

Graciela Kevorkian, natural de Buenos Aires (Arg), faz parte da Comissão Central Mundial da HOM representando a América do Sul desde 2008, tendo sido reeleita em 2011 para mais quatro anos de mandato. Ela representa a organização nas principais conferências e reuniões multilaterais.

Nesta entrevista exclusiva ela explica um pouco mais do trabalho e a participação da delegação no evento da ONU.

Estação Armênia: Graciela, em nome do Portal Estação Armênia agradecemos sua gentileza em nos atender.  Conte-nos um pouco sobre o trabalho da HOM em escala mundial.

Graciela Kevorkian – Saúdo os leitores do “Portal Estação Armênia”, e agradeço a oportunidade.

Há poucos dias estive na cidade do Rio de Janeiro, onde presidi a delegação da HOM para a Convenção da ONU Rio +20. Respondendo à pergunta,  a HOM foi criada pelo líder Eduard Agnuní em 1910 em Nova York. Desde então, ela se espalhou pelos cinco continentes, e hoje, com 102 anos de existência, é a maior e a mais antiga organização feminina armênia com filiais em 27 países e mais de 15.000 associadas. Como você bem sabe, a região sul-americana é uma parte muito importante da nossa organização, com sete filiais no Brasil, Argentina e Uruguai, somando cerca de 1.000 associadas.

As tarefas da HOM atingem uma vasta gama, desde a educação, bem-estar, saúde até a área cultural. Desenvolvemos também muitos  programas especiais. Hoje, em andamento, podemos citar alguns como exemplo: Programa Yeremian de apoio aos órfãos , a Clínica Materno-Infantil em Ajurian , o jardim de infância “Sose” , todos esses na Armênia e as Casas HOM de Repouso em São Paulo e Buenos Aires, entre outros. Existem os projetos extraordinários como as campanhas de solidariedade para as vítimas do tsunami e do terremoto no Japão, para o terremoto do Haiti, para a fome no Sudão, e mais recentemente a ajuda aos armênios da Síria.

Esses programas mostram que a HOM  não é só para ajudar os armênios mais sim todas as causas humanitárias. Tudo isto é conseguido através da força e do trabalho de suas voluntárias, o apoio dos seus benfeitores e com o compromisso de amigos, que mantém os projetos da HOM.

EA – Quais são os principais desafios  da HOM no futuro?

GK – Depois de comemorar o seu centenário em 2010, a HOM renovou seus desafios, de acordo com os atuais, mas sem prejudicar os seus princípios fundadores e os seus objetivos. Junto com tudo o que está sendo feito, hoje a nossa organização se preocupa mais vigorosamente com o bem-estar e o progresso das mulheres. Neste sentido, o Comitê Central está pronto para ajudar o progresso das mulheres armênias do campo e de comunidades rurais em geral.  A meta é ajudar no desenvolvimento e  possibilitar iniciativas femininas. Um dos focos e a saúde da mulher como base para a saúde das crianças e da família.

EA – Por que a participação da HOM em uma reunião desse porte da ONU?

GK – Nossa organização está presente em tais reuniões desde início dos anos 70, e é membro consultivo do Conselho Econômico e Social (ECOSOC) da ONU.

Mais recentemente a Comissão Central Mundial da HOM promoveu a participação de delegações nas convenções realizadas em Sydney, na Austrália, no ano passado e também em Nova York, EUA, em março deste ano. Desta vez, a oportunidade foi com a Conferência do Rio, onde a delegação da HOM, que tive a honra de presidir, foi composta por sete HOMuhís de nossas subsidiárias no Brasil, Argentina e Uruguai.

Nesses encontros, como foi a Rio +20,  estivemos em duas sessões plenárias, onde as delegações oficiais dos Estados-Membros participantes fazem encontros paralelos com  organizações não-governamentais (ONGs), como a HOM. Nestes eventos paralelos assistimos a conferências e reuniões sobre temas de interesse para a nossa organização.

EA – Em particular, o que acharam da reunião?

GK – O tema central da Conferência Rio +20, e também dos eventos paralelos era o desenvolvimento sustentável. Focamos  nossa participação principalmente com assuntos relacionados à ecologia, empoderamento feminino e juventude. Demos atenção especial as mesas que tratavam especialmente das mulheres rurais, do microcrédito e saúde. A Rio +20  foi uma oportunidade muito boa para HOM conhecer aspectos que podem ser úteis, e também divulgar o que é que faz  a HOM na América do Sul e no mundo.

A HOM iniciou um diálogo com a ONU Mulheres, uma organização criada em 2010  durante a Rio +20.  Eu, pessoalmente, trabalho nesse sentido, especialmente depois da reunião que tive com Michelle Bachelet, ex-Presidente do Chile e atual Diretora-Executiva da ONU Mulheres, e também com Lopa Banerjee, responsável pela Secção da Sociedade Civil de Mulheres da ONU, com vista a futuros projetos em conjunto.

Também tivemos oportunidade de realizar uma reunião com a delegação oficial da República da Armênia, chefiada pelo Embaixador Vahram Kazhoyan.

Globalmente, para a HOM, a Rio + 20 tem sido uma oportunidade para o reforçar nossas relações, bem como dar a conhecer, e continuar nosso trabalho. Regionalmente, este tem sido um primeiro passo no avanço da HOM em eventos dessa envergadura, que continuará no futuro.

EA – Graciela, sabemos que a situação social na Armênia é  preocupante. A grande emigração e pobreza continuam graves. O que a diáspora pode fazer ainda mais para ajudar nesta situação?

GK – Nós todos sabemos, em maior ou menor grau, a situação na Armênia e Artsakh. É preocupação constante da HOM. Hoje temos duas repúblicas independentes,  e nosso compromisso como armênios é ajudar a crescer e amadurecer. Acredito sem sombra de dúvidas, que eles (Armênia e Artsakh) nutrem a diáspora e a diáspora alimenta-os, em todos os sentidos.

Mas o fortalecimento da Armênia pode ter vários aspectos. Ao mesmo tempo que chega a ajuda econômica, é tão ou mais importante que se procure outros tipos de ajuda, como criar empregos, aumentar o investimento em vários projetos, oferecendo condições de vida saudáveis. É esse tipo de progresso necessário para que os nossos compatriotas não procurem emigrar. Devemos lembrar que viver, desenvolver e progredir na Armênia é uma alternativa não só para os nascidos e criados lá, mas também para todos os interessados da diáspora como uma opção real e  possível. Claro que isto é um processo longo, que inclui vários componentes, não apenas socialmente, mas também as políticas governamentais, legislação e tudo que possa apoiar estas iniciativas.

No entanto, cada um de nós pode ajudar nessa mudança.

Através da HOM podemos fortalecer os programas já existentes e considerar a aplicação de vários novos projetos, como incorporar os serviços ambulatoriais, médicos, para pessoas de aldeias remotas. Este projeto também pode ser implementado em Artsakh. Também olhar para o investimento de microcrédito para as mulheres rurais na Armênia e Artsakh.

Além disso, Javakhk é uma das nossas províncias mais atingidas pelos problemas. Hoje ela faz parte do sul da Geórgia, e a HOM é que oferece sua ajuda solidária a população local armênia, que é de mais de 200.000 pessoas.  Recentemente a HOM lançou o Programa de Assistência às famílias grandes, através do qual ajudamos famílias que tem entre 4 e 9 filhos.

Como você pode ver, existem várias maneiras que podemos ajudar. Cada gesto, seja ela pequeno ou de grande esforço, de curto ou longo prazo, o resultado pode ser surpreendente. A HOM nos dá a oportunidade de, em qualquer lugar do mundo, fazer parte dessa mudança. As portas da HOM  estão abertas para quem quer trabalhar, quer o ser voluntária em projetos, doações ou qualquer outra forma de ajuda.

EA – Agradecemos sua atenção e gostariamos de pedir que deixe uma mensagem para incentivar a participação da comunidade armênia no Brasil nesses esforços.

GK – Muito obrigado ao Portal Estação Armênia por me dar a oportunidade deste papo. Foi um prazer.

Estou particularmente grata à comunidade armênia no Brasil, que sempre apoia as iniciativas da HOM e também  parabenizar o trabalho das  nossas filiais “Arpi” de São Paulo e “Massis” de Osasco. Eu sei que isso é resultado da convicção na importância da participação individual em projetos de grupo. E esta atitude não só exalta a armenidade em geral, mas particularmente à comunidade Armênia no Brasil, como uma parte indivisível da grande família que compõe a região Sul-Americana.

Torço para que  as novas gerações tomem esses exemplos dignos e continuem a manter a reputação da comunidade armênia do Brasil, trabalhando com projetos atuais e futuros da HOM.

Aproveito para convidar os leitores do Portal Estação Armênia para vir e participar da nossa organização, tanto homens como mulheres. Através da HOM podemos sentir a satisfação de ajudar o próximo e exaltar nossa nação. Obrigado e contem comigo.

O PORTAL ESTAÇÃO ARMÊNIA LEMBRA A SEUS LEITORES QUE EM BREVE TEREMOS A ENTREVISTA DO GRUPO BRASILEIRO DA HOM NA RIO + 20. 

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