Da RedaçãoTudo

Em resolução histórica, Chile condena agressão do Azerbaijão contra a República de Nagorno-Karabakh

diputados chile

A Câmara dos Deputados do Chile emitiu uma histórica resolução que condena o recente “ataque armado do Azerbaijão contra a República de Nagorno-Karabakh (Artsakh)“, na última quarta-feira, dia 18 de maio, aprovada por unanimidade.

A resolução, apresentada pelos deputados Gustavo Hasbún Selume, Issa Kort Garriga, Denise Pascal Allende, Aldo Cornejo González e Jorge Sabag Villalobos, abre um crucial precedente, uma vez que o Chile se torna o primeiro país na América do Sul a condenar os ataques do Azerbaijão e também por denominar Nagorno-Karabakh com seu caráter de República.

A Câmara dos Deputados do Chile “reafirma seu compromisso com a paz e insta a República do Azerbaijão a cessar os atos de guerra contra a República de Nagorno-Karabakh e à estrita observância da trégua alcançada por ambos os países em 1994″ e solicita ao Governo do Chile que exorte as partes a se comprometer com a solução do conflito no âmbito das negociações mediadas pelo Grupo de Minsk da OSCE, e desta forma evitar um conflito regional com consequências imprevisíveis”.

Gustavo_Hasbún_SelumeO que o Azerbaijão esta fazendo, sem dúvida, marca um rompimento não apenas das relações bilaterais e internacionais, como também é uma violação permanente contra paz mundial e tem que haver condenação por parte do mundo, e em especial de países como os nossos, que sentem-se irmanados com a Armênia“, declarou Gustavo Hasbún Zelume (foto), presidente do Grupo de Amizade armenio-chileno e o responsável por apresentar o projeto em uma entrevista à agência Prensa Armenia. “Isto permitirá ao Chile entrar no rol dos protagonistas da defesa da soberania dos distintos países, obrigado que se respeitem os tratados internacionais e tréguas“.

O deputado admitiu que recebeu pressão por parte de Naciye Gökçen Kaya, embaixadora da Turquia no Chile, para que não se aprovasse a resolução, assim como no ano anterior, quando na ocasião a Câmara dos Deputados do Chile acabou se solidarizando “com a nação armênia e condenando o genocídio de seu povo, iniciado em 1915 pelos turcos-otomanos“.

A Câmara dos Deputados é autônoma e não vamos permitir a pressão de nenhum país que venha dizer como os parlamentares devem atuar em defesa da justiça, da paz, dos direitos humanos e da defesa de um povo que está sendo oprimido“, agregou Hasbún Zelume.

Saudamos a valente postura dos deputados chilenos, que de forma unânime romperam com a hipocrisia imperante de não nomear o agressor em conflitos. Esperamos que esta declaração, que vai em direção a do Secretário Geral da OEA, Luis Almagro, de 3 de abril passado, marque um caminho para os países da região“, opinou Alfonso Tabakian, diretor do Conselho Nacional Armênio da América do Sul.

Entre os fundamentos da resolução, se clarifica que “na madrugada de 2 de abril passado, forças terrestres e aéreas da República do Azerbaijão realizaram um ataque em grande escala sobre a linha fronteiriça com a República de Nagorno-Karabakh, com artilharia pesada e mísseis de última geração” e que tal agressão representou “a mais flagrante violação do Acordo de Cessar-Fogo assinado por ambos os países em maio de 1994, no que vem a ser uma clara ruptura das normas da Nações Unidas sobre a Resolução Pacífica de Controvérsias”.

“Frente a esta nova escalada da violência tem se computados vítimas civis e numerosas baixas militares, Chile condena a agressão, exige que cessem as agressões bélicas e que continuem as negociações de paz no âmbito das negociações do Grupo de Minsk, cujos co-presidentes são Estados Unidos, Rússia e França, patrocinado pela Organização de Cooperação e Segurança na Europa (OSCE).

Leia o projeto na íntegra:

Projeto de resolução pela qual a Câmara dos Deputados do Chile condena o ataque armado do Azerbaijão à República de Nagorno-Karabakh (Artsakh)

Considerando:
1. Que na madrugada de 2 de abril passado, forças de terra e ar da República do Azerbaijão realizaram um ataque em grande escala sobre a linha fronteiriça com a República de Nagorno-Karabakh, com artilharia pesada e mísseis de última geração.
2. Tal agressão representa a mais flagrante violação do Acordo de Cessar-Fogo assinado por ambos os países em maio de 1994 e uma ruptura das normas das Nações Unidas sobre a Resolução Pacífica de Controvérsias.
3. Que frente a esta nova escalada de violência, que já se tem computado vítimas civis, além de numerosas baixas militares, o Chile condena a agressão e exige que cessem as operações bélicas e a continuação das negociações de paz dentro do marco do Grupo de Minsk, cujos co-presidentes são Estados Unidos, Rússia e França, patrocinado pela Organização de Cooperação e Segurança na Europa (OSCE). 
4. Que a comunidade internacional e a República de Nagorno-Karabakh continuem sustentando que o conflito, que dura mais de duas décadas, só será resolvido pela via pacífica e respeitando-se as normas do direito internacional e do direito de autodeterminação de seus habitantes.

A Câmara dos Deputados do Chile:
1. Reafirma seu compromisso com a paz e insta que a República do Azerbaijão cesse de imediato toda a classe de atos de guerra contra a República de Nagorno-Karabakh e a estrita observância da trégua alcançada por ambos os países em 1994. 
2. Solicita ao Governo do Chile  de Chile que exorte as partes a entrarem em acordo pela solução do conflito no que tange às negociações levadas à cabo pelo Grupo de Minsk, e desta forma evitar um conflito regional com consequências imprevisíveis. 

 

Via: Prensa Armenia
tradução: Armen Pamboukdjian.

Sobre o autor

Artigos

Jornalista de formação, é editor-chefe do site Estação Armênia.
Matérias Relacionadas
CulturaTudo

Você conhece o carnaval armênio?

(Em 2024 o Paregentan é comemorado no dia 11 de fevereiro.) O Paregentan (ou Barekendan) é uma…
Leia mais
Eventos

Entrelaçando Linhas e Memórias: Bordadeiras Armênias em São Paulo

Lançamento de “Entrelaçando Linhas e Memórias: Bordadeiras Armênias em São Paulo&#8221…
Leia mais
Artsakh

Ataques azeris, a rendição do exército e o futuro de Artsakh

Fontes : Hetq, Asbarez, Diario Armênia, Panarmenian Na última…
Leia mais

Deixe um comentário