Ícone do site Estação Armênia

“Os quarenta órfãos armênios” do imperador da Etíopia, Haile Selassie

Você sabia que existe uma comunidade armênia na Etiópia?

Bandeiras da Etiópia e da Armênia

 

Essa é uma história muito interessante sobre a presença dos armênios na Etiópia.

A comunidade da Etiópia é uma das poucas da diáspora armênia no continente africano. Apesar de serem em um número reduzido, os armênios deixaram uma forte marca na política e na sociedade etíope nas últimas décadas, bem como nas artes e em outras instâncias da vida cultural dos etíopes.

Por exemplo, a família Terzian chegou ao sul de Addis Abeba (capital) fugindo dos Massacres Hamidianos do Império Otomano contra os armênios na década de 1890.

Na sequência os Terzians trouxeram amigos e parentes que tentavam escapar de outra matança dos turcos otomanos contra os armênios, que ficaram conhecidos como os Massacres de Adana em 1909, e finalmente, em mais massacres e planos de extermínio da população armênia da Anatólia, culminando no próprio Genocídio Armênio perpetrado e negado até hoje pela Turquia.

Mas uma das histórias mais conhecidas é a do “Arba Lijoch“, ou os “quarenta órfãos” que foram adotados por Tafari Makonnen, o homem que viria a se tornar Haile Selassie I, ao ser coroado como o Imperador da Etiópia, que também é considerado pelos seguidores da cultura Rastafari e dos preceitos e interpretações de Marcus Mosiah Garvey como a reencarnação do Cristo.

Haile Selassie visitou a cidade de Jerusalém no ano de 1923, onde uma banda composta de jovens sobreviventes do Genocídio Armênio chamou a sua atenção. Ele adotou essas quatro dezenas de órfãos armênios, que foram à Addis Ababa, liderados por seu maestro Kevork Nalbandian. Este grupo formou o núcleo do que veio a ser a primeira orquestra oficial da Etiópia.

Em 1931, quando Selassie I foi coroado como imperador da Etiópia, as delegações estrangeiras convidadas que chegavam para a coroação eram recebidas pela orquestra executavando o hino nacional de cada país, respectivamente. A orquestra tocou todos os hinos nacionais, exceto o da Turquia. Haile Selassie e chefes dos país entenderam bem o motivo da resistência por parte dos armênios “em tocar o hino que representa um país que matou seus parentes”.

O mesmo maestro Kevork Nalbandian acabou compondo o próprio hino nacional da Etiópia, que permaneceu em uso até que o país passou por uma revolução em 1974.

Porém, a conexão armênio-etíope é muito mais antiga e vem de muito, muito mais longe, uma vez que os dois povos estão entre os primeiros a aceitarem o cristianismo como religião no mundo, tanto que fazem parte do que é chamada de comunhão Ortodoxa Oriental de Igrejas (ao ladoda Eritréia, algumas igrejas Sírias, Coptas do Egito e as Igrejas Cristãs do sul da Índia).

Inclusive, o alfabeto armênio e o alfabeto amárico (língua oficial da Etiópia) muitas vezes são confundidos por sua aparente semelhança, embora estudiosos linguistas afirmem se tratar apenas de uma coincidência.

Além da questão religiosa, o primeiro diplomata enviado da Etiópia para o exterior foi Mateos Armenawi (“Mateus o armênio”). Suas viagens para a Europa, via Goa na Índia, começaram em 1512 e foram realizadas em busca da intervenção portuguesa contra os otomanos em expansão. Murad, um colega armênio de Mateus, igualmente representou o tribunal etíope em várias capitais europeias nas décadas que se seguiram.

Para saber mais sobre as comunidades diaspóricas armênias da África, clique neste link!

Hino da Etiópia foi composto por um armênio (http://100anos100fatos.com.br/fatos/former-national-anthem-ethiopia-composed-armenian/)

Sair da versão mobile