Fazem oito anos desde que Hrant Dink foi alvejado em frente à redação do seu próprio jornal. De 2007 a 2015, passaram-se oito anos de expectativas e reivindicações por justiça. Mas isso não é tudo; desde 1915, um século se passou com as mesmas expectativas e reivindicações.
Essas não são apenas datas; há vida e morte por trás dos números; há perda e ressurreição; há ideias, esforços, dor e esperança…
Oito anos atrás, eles tiraram de nós o homem que você vê na foto acima, sorrindo nas ruínas da medieval cidade armênia de Ani, na fronteira da Turquia e Armênia. Ele tinha coisas no que acreditar, coisas que ele queria mudar. Ele carregou o peso do passado, um repertório de histórias dessas terras e falou um novo idioma que ele destilou do legado dos séculos. Ele era uma jovem árvore, suas raízes profundas no passado, seus galhos nutridos pelas águas do Eufrates alcançavam um desconhecido futuro cheio de promessa.
Era armênio. Era um cidadão da Turquia. Ele assumiu aflições mirídeas, mas olhou para elas com esperança, da mesma forma que ele olhou com esperança para aquelas ruínas. Ele sorriu para a lente com a crença de que as pontes abandonadas da Rota da Seda que conectavam a Anatólia ao Cáucaso seriam um dia erguidas novamente.
Dezenove de janeiro de 2015 é o oitavo aniversário da morte de Hrant Dink. Para nós, é também o início do centésimo aniversário do 24 de abril de 1915, data na qual os intelectuais armênios de Istambul foram levados a uma jornada que terminaria em morte. 1915 é o ano no qual os armênios da Anatólia, junto com seus vizinhos siríacos, assírios e caldeus foram aniquilados.
Expressamos a nossa esperança que o ano de 2015, que começou abalando-nos com o pesadelo do massacre no Charlie Hebdo, seja o início de um futuro no qual nós caminhemos para viver junto com os nossos vizinhos na Turquia e Europa, no Oriente Médio e Cáucaso e em todo o mundo; no qual nós não precisaremos de outras armas além de nossas canetas e ideias.