A história da Armênia nunca permitiu um dia de descanso em sua luta pela sobrevivência como nação. Assim é com muitos outros povos. Como descendentes de armênios tentamos a todo o custo, essencialmente com o amor a essa cultura milenar e a fé na justiça, mantermos nossos laços com a Pátria-mãe.
Foi assim que nos meados dos anos de 1990, logo depois da segunda independência em 1991, que as coisas começaram a mudar. O governo da Armênia iniciou uma política de expansão dos laços diplomáticos com os países que tinham comunidades ativas e organizadas. Foi assim que se instalou o Consulado Geral da República da Armênia em 1998 em São Paulo.
Foi nesse contexto que conheci o Baron Achot Yeghiazarian. Inicialmente fui apresentado a ele pelo meu pai, Hagop Tamdjian, na época um dos voluntários que auxiliavam os trabalhos do consulado instalado durante muitos anos na Avenida São Luís, no centro de São Paulo.
Em pouco tempo desenvolvi uma amizade, carinho e afeição pelo Baron Achot que me enchem até hoje de alegria. Depois, fiquei sabendo que ele é filho de um professor de geografia, profissão que abracei e que me conduz até hoje. Isso nos aproximou mais um tanto.
A transcendência das relações diplomáticas entre o Brasil e a Armênia vai nos surpreender sempre quando analisadas no futuro. Como uma comunidade que se formou no fim dos anos de 1920 e que recebeu por algumas pequenas ondas de imigração, especialmente do Oriente Médio e agora de outras partes, inclusive da Mãe-Pátria, ter contato com a Armênia livre realmente é motivo de alegria, surpresa positiva e muita responsabilidade para todos nós.
A dedicação, coragem, honestidade com que Baron Achot conduziu nossa representação diplomática são dignos de nota. Lutou e foi passando por cima dos obstáculos, vinham de onde viessem. Todos reconhecemos a qualidade de seu esforço. Sua presença no Brasil foi uma vitória para diáspora brasileira e Pátria-Mãe.
Seu amor à profissão e a dedicação ao tipo de missão sempre me fascinou. O significado e sentido do seu trabalho sempre me trouxeram a tona a ideia de resistência.
Em um mundo globalizado e marcado pelo oportunismo despido de qualquer valor, a diplomacia armênia enviou ao Brasil certamente um de seus melhores quadros.
Os percalços pelos quais atravessou e atravessa a Armênia foram sendo ultrapassados pelo seu labor tendo como medida o mundo real e sempre vislumbrando um futuro melhor.
Particularmente estive ao seu lado, junto com outros ativistas em diversas oportunidades e sei o que alguém do seu calibre e experiência deixou para nós. Destaco não somente os valores imateriais ou intangíveis que já seriam suficientes para justificar esse artigo.
A instalação da Embaixada da Armênia em Brasília em 2010 vem se revelando de uma importância estratégica impressionante. Os esforços de todos para que a Embaixada em Brasília fosse instalada e a presença do Sr. Embaixador Achot Yeghiazarian à sua frente, conhecendo a dinâmica das relações brasileiras, são marcos que já estão dando seus frutos.
Junto com muitos outros diplomatas armênios, hoje amigos, que passaram pelo Brasil, o trabalho do Baron Achot (me permitam a informalidade) é um marco.
Baron Achot, saiba que o dia 8 de dezembro de 2010, quando o senhor entregou suas credenciais em Brasília, representou um momento histórico para todos os membros da comunidade armênia do Brasil. A estrada que o senhor abriu vai ser muito importante para o futuro das relações diplomáticas entre os dois países e espero sinceramente que ela sirva para aproximar muito mais nós armênios do Brasil e a Armênia. Precisamos muito.
Muito obrigado e espero sua visita o mais rápido possível
****James Onnig Tamdjian é colunista do Estação Armênia e suas opiniões não refletem necessariamente às do portal.