( Por Armen Pamboukdjian – publicada originalmente em 2013).
E chegamos a mais um Dia Internacional da Mulher.
Dia este que teve origem no dia 08 de março de 1917, quando trabalhadoras russas realizaram manifestações por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia tsarista na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917.
Anteriormente, a colaboradora Natalie Magarian contou aqui no Portal Estação Armênia a história da poetisa armeno-argentina Alicia Ghiragossian, a primeira armênia a ser indicada a um prêmio Nobel (clique aqui para ler a matéria).
Sosé nasceu no ano de 1868 na aldeia Sokhord, província de Turuberan, a quarta da Grande Armênia, e aos 13 anos se casou com Serop, que mais tarde seria conhecido como o grande comandante e fedayi Aghpyur Serop.
Sosé ganhou o carinhoso apelido de “Mayrig” (mamãe) por sua bravura e solicitude materna para com os jovens armênios e participou de muitas lutas em uma época que as mulheres se separavam dos maridos durante as batalhas.
Em 1898, depois da batalha de Babshen, Sosé e Serop fugiram para a região armênia de Sassoun, hoje um dos distritos da província Batman, na Turquia. No ano seguinte, em 1° de novembro, Sosé e Serop estavam junto a alguns compatriotas realizando uma reunião na aldeia de Kelikuzan, e segundo conta a história, Serop teve o fumo de seu cachimbo envenenado por um colega armênio que havia recebido suborno de bandidos curdos liderados por Khalil.
Serop já estava sem forças para manter-se de pé quando a aldeia foi cercada. Sosé carregou seu marido até as montanhas próximas enquanto a batalha teve início. Foram quase 8 horas de luta de uma batalha que terminou ceifando as vidas de Serop, seu filho Hagop, seus irmãos, além de 12 de seus homens.
Mesmo ferida, Sosé continuou lutando até ser presa e depois enviada à cadeia de Baghesi.
Khalil cortou a cabeça de Serop, já sem vida, e colocou-a em uma estaca como um aviso para os guerreiros armênios. Entretanto, o aviso surtiu efeito contrário e uma missão liderada pelo general Andranik Ozanian rastreou os curdos e matou tanto os organizadores deste ataque, quanto o traidor armênio.
Após a revolta de Sasun, em 1904, Sosé Mayrig se mudou para Van e depois para o Cáucaso. Outro filho de Sosé e Serop foi morto durante o massacre de Erzerum. A partir de 1920, Sosé Mayrig mudou-se para Constantinopla.
Centenas de pessoas tiveram o privilégio de serem acolhidos por uma verdadeira fedayi, modelo de mãe armênia, guerreira, humanista e atenta ao mundo que a cercava.
Sosé, a “Mãezinha”, faleceu em Alexandria no ano de 1952.
A história de Sosé inspirou diversas canções revolucionárias e patrióticas. Mais tarde, seus restos mortais foram transferidos para o Cemitério de Yerablur para os heróis armênios, em Yerevan, local no qual estive em setembro de 2014, durante minha participação no Congresso Pan-Armênio de Jornalistas na Armênia, e pude prestar a minha homenagem pessoalmente (veja foto à direita).
Despeço-me deixando aqui uma das muitas músicas em homenagem a Sosé Mayrig (abaixo).
PS: *Fedayi* 0 Como eram conhecidos os voluntários das tropas irregulares armênias.
Seropin Yev Soseyin Yerke (Kntag Vorodats) |
Kntag vorodats Noyemper amsun, [Choveu bombas no mês de novembro]
Basharvadz enk menk sirun im Sose, [Estamos cercados minha querida Sose]
Zenker ver arnenk, katchutiun hos eh, [Levantemos as armas, a valentia está aqui]
Ko siradz Seropin orhnial orn ais eh. [Hoje é um dia abençoado para seu querido Serop]
Tsain dvav Sose-n “Serop Djan hos em, [Levantou sua voz Sose: “Serop djan, estou aqui”]
Zinvadz badrasdvadz tsaynit gsbasem.” [Armada e preparada, esperando sua ordem]
Kezi hed grvelu, ko gokhkin mernelu, [Para lutar junto de você, para morrer ao seu lado]
Ammen or, amen jam badrasd eh Sose-n [Todo dia e toda hora, eu estou preparada]
Isg ko Seropã, gyankid hadorã, [E você, querido Serop, parte da minha vida]
Aryunov nergets Dalvorig dzorã, [Pintou de vermelho, o vale de Dalvorig]
Aryudzi nayvatskov nayoum er poloruh, [Com olhar de Leão vigia ao seu redor]
Haghtagan grvi er ampoghch oruh. [Lutando valentemente, durante todo este dia]
Tsain dur Antranig, gensadu enger, [Dê a voz, Antranig, vivificante amigo]
Arteok ays bahus Vor lern es barger, [Em qual montanha estarás dormindo neste momento?]
Vosgetel mazerov yeresd es dzadzger, [Com seus cabelos cor de ouro cobrindo os teus olhos]
Haghtagan pazugovt mosint es krger. [E com o braço vencedor carregando seu fuzil]
Hasir Antranig, hasir oknutian, [Venha Antranig, venha nos ajudar]
Serop gã zohvi ee ser azkutian. [Serop está se sacrificando por amor ao seu povo]
Teh, hasir shud hasir gdridj humperov, [Chegue logo, com grupos de valentes]
Serop gã zohvi ir zavagnerov. [Serop morreu junto com seus filhos]
Artsagenk hratsan heruyen moden [Ataquemos de perto e de longe com rifles]
Togh sarsri sultan ylduz baladen [Que o Sultão se petrifique no palácio Yildiz]
Barzenk troshag veh Tashnagtsutian [Finquemos a bandeira do bravo Tashnagtsutiun]
Getseh Kristapor, Rosdom, Zavarian. [Viva Kristapor, Rostom e Zavarian]
Serop’s and Sose’s Song
(Guns thundered)
The guns thundered in the month of November,
We are surrounded my dear Sose,
Let us pick up our guns, courage is here,
This is your beloved Serop’s blessed day.
Sose answered “My dear Serop I am here
Armed and ready waiting for your order”
To fight with you, to die on your side,
Every day, every hour Sose is ready.
Akh you dear Serop, part of my life,
Painted Dalvorig valley with blood,
With the look of a Lion, watching everything,
Courageously fighting that whole day.
Speak out Antranig, supporting friend,
I wonder on which mountain you are sleeping,
With your golden hair covering your face,
Carrying your “mosin” in your brave arms.
Come on Antranig, come for help,
Serop’s being scarificed for the love of the nation,
Come, come quick with your courageous groups,
Serop is being scarificed with his sons.
Let us fire rifles from far away and close,
Petrify the Sultan in his Yildiz palace,
Let us plant the brave Flag of Tashnagtsootian,
Long live Kristapor, Rosdom, Zavarian.