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Garo Paylan e seus companheiros são agredidos por partidários de Erdogan na Turquia

Garo Paylan é um deputado turco de origem armênia que no último da 21 de abril, utilizou o tempo disponível da sessão no Parlamento da Turquia para fazer um corajoso discurso condenando a negação do Genocídio Armênio, às vésperas dos 101 anos do plano de extermínio armênio pelos Jovens turcos.

Na ocasião, Paylan citou nominalmente os 13 deputados armênios do Parlamento Otomano que foram presos e assassinados na noite de 24 de abril de 1915, além de condenar o fato de que vários lugares na Turquia levam os nomes de organizadores e perpetradores do Genocídio Armênio (clique aqui e leia).

Os armênios do mundo todo sentiram muito orgulho do deputado Garo Paylan, eleito deputado em 2015 junto a outros dois políticos turcos de origem armênia pelo Partido Democrático dos Povos (HDP), em eleição que quebrou a supremacia de mais de uma década do AKP, o partido do presidente Erdogan. Entretanto, como escrevi no artigo anterior, “todo esse orgulho vem acompanhado de temor, sofrimento e tristeza”.

Os armênios temem pela segurança de Paylan, haja vista todo o histórico de violência, conspiração e impunidade do governo de Erdogan nas esferas civil, política e militar.

Para a tristeza dos armênios -que lutam pelo reconhecimento do Genocídio Armênio por parte da Turquia no mundo todo- e dos defensores dos direitos humanos, a semana passada foi marcada por violentas agressões à Paylan e seus companheiros do HDP cometidas por deputados (que não deveriam receber este nome, pois são criminosos) do partido de Erdogan, o AKP.

Tememos por Garo, assim como tememos e choramos por Hrant Dink (jornalista armênio-turco assassinado em 19 de janeiro de 2007 em frente ao seu jornal armênio em Istambul). Não sabemos o que Paylan e seus companheiros tem enfrentado. Mas o vídeo mais recente é desta bárbara agressão (vídeo acima).

Entidades de Direitos Humanos e de defesa da Liberdade de Expressão acusam a Turquia de fazer uma caça aos jornalistas opositores. A entidade internacional Reporteres Sem Fronteiras publicou recente estudo que mostra que a liberdade de imprensa piorou na Turquia entre 2013 e 2016.

Milhares de jornalistas contrários ao governo de Erdogan (sejam eles defensores do reconhecimento do Genocídio Armênio infringindo a lei 301, dos curdos ou de Gullen) foram ou estão sendo presos, e além disso vem sofrendo maus tratos no cárcere, como é o caso do blogueiro Sevan Nisanyan.

Vários escritores já foram condenados na Turquia, como são os casos de Ragip Zarakolu (ativista dos direitos humanos) e do Nobel de Literatura de 2006, Orhan Pamuk. Inclusive, as investigações sobre a morte de Hrant Dink mostram que o próximo da lista que deveria ser morto era o próprio Pamuk (leia mais aqui).

Diante dessa situação toda, o que podemos fazer? Podemos escrever, compartilhar vídeos e fazer tudo o que estiver ao nosso alncance, além de é claro, pedir muita proteção divina ao nosso irmão Garo Paylan e à todos os homens de bem neste mundo.

Esta semana, Garo rebateu as falsas notícias de quem foi ele quem “colocou lenha na fogueira”: Eles estão retratando os parlamentares do HDP como a causa da violência física e estão distorcendo a verdade”, disse Paylan no comunicado. “Como é evidente no vídeo, o membro do AKP de Istambul, Mehmet Metiner me atacou, depois uma briga estourou e o linchamento premeditado começou. Eu condeno esse discurso de ódio e crime de ódio que foi direcionado à mim e à minha identidade” concluiu Palyan.

 

 

Sobre o autor

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Jornalista de formação, é editor-chefe do site Estação Armênia.
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